22 de ago. de 2010

Ônibus com 3G e GPS está em teste no Brasil

SÃO PAULO - Antes de sair para o trabalho, uma pessoa consulta o celular e verifica que seu ônibus está a 20 minutos de sua casa. Dá tempo de terminar o café e caminhar tranquilamente até o ponto no qual o circular passará exatamente no momento indicado.
A cena ilustra um dos objetivos do projeto “Sistema embarcado de informação ao usuário de transportes coletivos”, desenvolvido com apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).
Inspirado em uma experiência europeia, a versão brasileira do sistema inteligente de transporte (ITS, na sigla em inglês) procura ampliar os serviços eletrônicos fornecidos a passageiros, motoristas e empresas de transporte coletivo.
Equipados com monitores de cristal líquido, coletivos na Europa e na Ásia fornecem aos passageiros programação televisiva educativa e informativa, gravada previamente em disco rígido de computador.
“Nosso objetivo é adaptar essa tecnologia à realidade brasileira e ampliar a quantidade de serviços oferecida”, explicou o coordenador do projeto, Paulo Roberto Tavares, da Transdata Smart, empresa especializada em terminais de leitura de cartões eletrônicos.
Tavares conta que a tecnologia usada na Europa seria difícil de ser aplicada no Brasil devido ao custo elevado, cerca de R$ 17 mil por ônibus. São computadores convencionais instalados nos veículos e que são previamente reforçados para suportar as condições severas inerentes a uma viagem, como trepidações, calor e poluição.
A solução para o Brasil foi optar por um conjunto mais enxuto: um hardware dedicado que usa uma plataforma utilizada em aparelhos de celular do tipo smartphone e dispõe de entradas para dispositivos de memória sólida, que pode ser do tipo USB, chip ou cartão. Por meio deles são carregados os conteúdos da programação exibidos na tela.
O equipamento também pode contar com tecnologia de comunicação 3G, o que permitiria atualização de conteúdo em tempo real, e GPS (sistema de posicionamento global), para acompanhar o trajeto do veículo.
Em conjunto, esses dispositivos forneceriam variados tipos de serviços. “Em uma viagem de São Paulo ao Rio de Janeiro, por exemplo, o equipamento poderia exibir informações turísticas, durante o percurso, sobre a cidade de Aparecida do Norte, assim que o GPS detectasse a aproximação da cidade”, disse Tavares.
Informações sobre as condições e previsão do tempo seriam atualizadas constantemente por meio do sistema 3G e sempre associadas aos lugares por onde o veículo estaria passando, cuja informação viria do GPS.
No caso de ônibus circulares, a localização do veículo poderia ser acompanhada pela internet em computadores e aparelhos de celular, o que permitiria aos usuários acompanhar o trajeto da linha que deseja e se dirigir ao ponto no horário certo. “A precisão seria grande e o usuário não perderia tempo esperando no ponto de ônibus”, disse.
Para as companhias de ônibus o equipamento também teria muitas utilidades. Além de poder acompanhar a localização de toda a frota em tempo real, por exemplo, a companhia poderia enviar mensagens de texto em um painel que ficaria à frente do motorista.
Informações sobre enchentes, vias congestionadas, acidentes e outras ocorrências de trânsito seriam fornecidas em tempo real ao motorista. Em caso de assaltos, um botão de pânico poderia ser acionado informando a central sobre a ocorrência.
Protótipo em campo
Tavares explica que o equipamento seria composto de três partes: a unidade de processamento (do tamanho aproximado de um rádio automotivo e que ficaria instalada atrás do motorista), o painel de controle com o display de mensagens (que ficaria em um ponto à frente do motorista) e os monitores de cristal líquido, que seriam espalhados na cabine dos passageiros.
“Ainda não fechamos o custo total do equipamento, mas calculamos que não passe de R$ 5 mil por unidade”, estimou Tavares, que também prevê um ganho em escala no caso da produção em massa do produto.
Segundo ele, o menor custo é o principal diferencial do produto brasileiro em comparação aos similares europeus e asiáticos. Já os diversos equipamentos atuando em conjunto é a vantagem em comparação aos serviços desse tipo disponíveis no Brasil, os quais não possuem inteligência embutida – são geralmente monitores com mensagens publicitárias que se repetem durante toda a viagem.
O projeto do sistema foi realizado com sucesso, de acordo com Tavares. A equipe da Transdata Smart pretende agora montar um protótipo e testá-lo em campo.

Por Fabio Reynol, da Agência FAPESP




Fonte: info.abril.com.br

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